terça-feira, 20 de julho de 2010

Araras em seu novo habitat

A nossa sociedade busca se ligar à natureza de várias formas. Criam-se todo tipo de perfumes com aromas naturais: pra gente, pra carros, pra ambientes. Creme dental com sabor de frutas pra seduzir os pequenos. Admiramos quadros realistas onde se pode quase sentir o pêlo na casca do pêssego ou parecemos nos refrescar com as águas de uma cachoeira. Os descansos de telas dos computadores trazem paisagens maravilhosas. Nossas varandas com vasos de plantas, a vontade de ter um pequeno sítio para fugir do barulho da cidade nos finais de semana.
Entretanto tudo isso é um paradoxo diante do que está verdadeiramente acontecendo no meio natural, o homem quer criar uma “natureza” em detrimento daquela que destrói, pode ser uma forma de se enganar enquanto caminha para o fim junto com o meio em que vive.
Sabores e fotos são como resgatar aquilo que não vejo nem sinto mais, por alguma razão ou outra, mas de tão importante há que se manter a essência. Reproduzem-se locais naturais em jardins de alto luxo, criam-se plantas em estufas num esforço de preservar a espécie, mas não se investe seriamente na prevenção da destruição, levando os conceitos de preservação às escolas, principalmente, as de ensino fundamental, onde temos o poder de educar verdadeiramente.
Quando se fala em reflorestamento então, parece que não estão falando sério. Milhares de hectares cobertos por um único tipo de árvore! Não há sons, não se ouvem passarinhos, o odor é invariável. Então, quando se refloresta, o objetivo é cobrir de verde, não necessariamente de vida, se a pensamos em plenitude.
Outro dia vi um casal de araras fazendo ninho sobre um prédio e catando comidas à beira de um riozinho cheio de esgoto. Todo mundo achando aquilo tudo muito lindo! Já estiveram aqui em casa também, numa árvore do quintal, liguei para a polícia florestal e eles disseram: “_deixa elas quietas que elas voltam pro lugar de onde vieram.” Se fosse hoje eu perguntaria pra ele “_Será que o senhor não daria uma forcinha pra elas voltarem pra a laje então?”
Minha cidade está cercada por eucaliptos, aulas de Arte se tem uma vez por semana nas escolas públicas, para descansar os meninos, tadinhos. Matemática, Português, Inglês, estas matérias mais importantes cansam a gente mesmo. Educação Ambiental, não há. Então também não há do que se admirar, estão todos afinados com a educação que receberam: é mesmo lindo ver araras nos telhados!

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