terça-feira, 15 de novembro de 2011

Tantinho de saudade

Lá onde eu morava ainda há uma pedra muitíssimo alta e bonita demais. De lá descia uma grande quantidade de água que corria pelo imenso quintal, rolando pelo rego feito num barranco, aprisionada em certos locais pelo capricho da natureza, onde se criavam sozinhos muitos mandis e lambaris.
Havia, antes de chegar ao terreiro, uma pequena “floresta”, uma ilha de raridades verdes. A água ali era muito transparente, e então a gente ficava com duas florestas, uma em cima e outra refletida, sendo que na refletida os peixes eram passarinhos.
Havia no ar, tantos sons... nossos brinquedos também retirávamos de lá: “katitas”, “bichins”, rsrsrs...não sei os nomes “certins”.
Por entre as folhas das árvores pingavam gotas de sol pelo chão, olhando pra trás hoje, parecem quadros de Monet.
Um ribeirão onde nos molhávamos em dias de calor, um maior onde não podíamos ir por causa do perigo falado pela minha avó.
Observo agora uma nova paisagem: ribeirão perigoso ficou mansinho porque tá rasinho, o de nos molharmos, só para a planta dos pés. “Nem sombra” da florestinha, tudo acabado. A água que chegava em casa em canos feitos de bambu, agora chega em canos talvez da “Tigre”, sem peixinhos, sem brinquedos.
A pedra continua lá, imponente e dura. Espero que ninguém descubra outro uso para ela.