domingo, 26 de dezembro de 2010

Um passeio pela Brejaúba

Estou “indo” à minha infância buscar um pouco de água, graças à gentileza de um casal daqui de Caeté, volto lá a passeio. Não vou sem nostalgia de criança bem novinha esperando o Papai Noel até dormir na esperança de conhecê-lo pessoalmente e acordando pela manhã para conferir se ele existe mesmo, a prova: bonecas e balas sobre o terço aberto no banquinho de madeira.
Terei quinze dias pra viver doze anos, como num sonho onde minutos parecem horas.
Lembrar do cheiro dos bezerros recém nascidos dando os primeiros passos, dos pintinhos famintos piando em coro pela manhã, das brincadeiras no ribeirão, das canções tristes de minha avó. Pescar no rio, passear pelos quintais, ir ao moinho por aquele caminho varrido e longo que hoje só existe na memória.
Quero a água deste rio que molha a frente da casa, quero buscar o seu silencioso passar, suas cheias e seus peixes, um bote à beira que vira e mexe tá cheio de água (defeito de fabricação), a mexeriqueira miúda, os pés de manga, a laranjeira de laranjas que nunca amadurecem, os passarinhos, os peixes... a água correndo pela bica de bambu. Neste vidro, diferente dos outros que trazem data e hora escreverei apenas: água onde Cida e Iéié nadaram sua infância.