Uma coleção:
Sou colecionadora de água, gostaria de um pouquinho de cada canto do mundo, mas é tanta burocracia...aí eu decidi guardar em vidrinhos, as águas do Brasil.
Comecei pela que corria miudinha lá na Babilônia, numas terras que herdei do meu pai. A razão mora numa atitude do meu vizinho, aliás, muito querido, que dividiu um laguinho em dois, com cerca de arame farpado. Quando vi aquilo, não entendi, ele dividiu a água? E a que foge por baixo do arame? De quem é? Saio correndo atrás dela, ou sai ele? Prendê-la...fiquei pensando nisso um tempo, infelizmente perdi as primeiras corredeiras que deveriam abrir o meu trabalho, mas peguei finalmente alguns mls das que vinham depois, doidas para correr atrás das fujonas. Prendi-as dentro do vidro então, não morreram, não viraram nuvens pra depois virar chuva, tão aqui
Lá onde nasceram, não sei em qual encarnação estavam, vieram piquititinhas, escorrendo pelo caminho que é delas (vigiadas de perto pela polícia florestal), caíram no laguinho, objeto das divagações dessa página e inspirador desse trabalho, passaram por um bom pedaço de brejo, onde moram toda sorte de apreciadores do lugar, e que a noite é sobrevoado e esplendidamente iluminado pelos vaga-lumes, e atravessaram vastas áreas de fazendas, até caírem no rio da cidade, e ganhar nome. Mas eu acho que elas ficam perdidas em sua própria identidade, já que a cada vez que deságuam em outro rio maior, mudam de nome.
Quero pedir a cada amigo que viaja pelo Brasil afora, de avião, carro, trem, cavalo ou de outra forma por mim desconhecida, me tragam um golinho de água, peguem-na em qualquer fonte natural, nunca em torneira, anotem o local, data e hora, assinem como colaboradores, e tragam-na pra mim.
Quem sabe um dia eu acabe recebendo aquelas que fugiram por debaixo da cerca?
Na parte destinada a fotos, aqui mesmo no meu Orkut, vocês podem visualizá-las numa foto muito “chic” feita por satélite.
Muito carinhosamente dei-lhes o nome de “Pequenas Desgarradas”.