quinta-feira, 13 de junho de 2013

Meu Beija Flor

Já criei um beija flor, e digo, não é tarefa fácil. Falo isso por não ter a prática das asas, a rapidez das batidas, o apetite pela doçura das flores. Mas criei um filhotinho desse bicho delicado e veloz. Seu desjejum era mel na ponta do meu dedo, ele me esperava de biquinho para cima, eu era beija flor mãe. Minha irmã que é muito fã de São Francisco, talvez até reencarnação dele rsrsrs, um dia me pediu pra colocá-lo no ninho, coisa que eu fazia todos os dias sem dificuldade.. Me amolou tanto que deixei. Ô lástima! Talvez pra me dizer que eu era gente e beija flor era outra coisa, Deus empurrou ele pra dentro da casinha do cachorro bravo daqui de casa. O cachorro pisou nele com aquela patona, depois me encarou. Eu fiz menção de ir socorrer o pobrezinho, mas me faltou coragem. Ele abriu o biquinho para mim do jeito que fazia quando eu chegava com o mel no dedo. Me olhou muito profundamente...sumiu debaixo daquelas patas e eu, covardemente, não matei aquele cachorro que me encarava como se dissesse “ _Vem salvar o seu preferido!” Ô ódio, ô ousadia. Não achei o corpinho, não elaborei o luto. Até hoje choro quando lembro do meu beija florzinho. Nunca mais criei passarinho nem nada de asas. Salvei alguns que caíram dos ninhos daqui do telhado da minha varanda, mas sem criar vínculo.